O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) manteve os juros do país inalterados nesta última quarta-feira (20), em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão foi unânime. Esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.
A medida já era esperada pelo mercado e veio após o comitê ter mantido o mesmo referencial na última reunião, em janeiro.
Ao publicar a decisão, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) voltou a afirmar que não considera apropriado reduzir o intervalo de juros até que tenha “maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%”, a meta do Fed.
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Os formuladores de política monetária do país também mantiveram a projeção de três cortes de 0,25 ponto no referencial de juros ao longo de 2024, totalizando uma redução de 0,75 ponto até o fim do ano.
No comunicado desta quarta, o Fomc reforçou que a inflação dos Estados Unidos diminuiu no ano passado, mas permanece elevada. A inflação oficial do país está em 3,2% no acumulado de 12 meses até fevereiro.
“Ao considerar quaisquer ajustes sobre o intervalo para a taxa dos fundos federais, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio dos riscos”, ponderou o colegiado.
Em entrevista a jornalistas após o anúncio da decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o aperto monetário pode ter atingido seu pico e disse esperar uma queda gradual da inflação.
“Os números realmente não mudaram a história geral, que é a de uma inflação caindo gradualmente”, afirmou.
O Fomc também informou, em comunicado, que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica do país “tem se expandido em um ritmo sólido”.
Sobre o mercado de trabalho, o comitê afirmou que “os ganhos no emprego permaneceram fortes e a taxa de desemprego permaneceu baixa”. O trecho representa uma leve mudança em relação ao comunicado anterior, quando o colegiado citou ganhos “moderados” nos dados de emprego.
Tanto o comunicado do Fomc quanto as projeções do colegiado vieram em um tom mais positivo do que o esperado — o que animou os agentes do mercado.
O temor era, principalmente, em relação à divulgação dos dados recentes, que poderiam mexer com as projeções de cortes dos juros para este ano, explica Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.
“Tal receio não se concretizou, dado que o comitê manteve a projeção de três cortes para este ano, o que causou uma reação positiva imediata nos ativos de risco”, afirma.
Banco Central dos EUA mantém taxa de juros
Reflexos dos juros norte-americanos
Os juros em níveis elevados nos Estados Unidos aumentam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos) e devem continuar a refletir nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de uma melhor remuneração.
No cenário macroeconômico, os efeitos dos juros altos nos Estados Unidos também se refletem no longo prazo, indicando uma tendência de desaceleração econômica global, já que empréstimos e investimentos também ficam mais caros.
No Brasil, investidores seguem na expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que será divulgada ainda nesta quarta.